Um convite especial

Recebi novamente o convite para participar deste jornal, no ano passado tivemos uma pausa e agora retornamos a compartilhar ideias, propostas e pensamentos. Ao pensar os temas que poderia escrever, tais como politica, cultura, educação, imigração e artes, principalmente cinema, pensei também que poderia escrever sobre a vida, o amor, divagar sobre experiências vividas e principalmente em como a vida tem sido boa, em momentos tão difíceis pelos quais vivemos. Sobrevivemos a COVID19, também a governos desastrosos, parece que retornamos a um aumento da inflação, ainda que essa geração do Real não vivenciou os índices que chegaram a quase 1000%, não experimentou o Plano Funaro, nem o gatilho salarial e muito menos o Plano Collor com o bloqueio das contas corrente e da Poupança.
Falando de Cultura, sou cineclubista desde 1994 no Cineclube Universitario em Arica, onde fui professor de Cinema (produção e analise). Cheguei a Goiânia em 2008, trabalhei como professor de Espanhol e Cinema em várias escolas particulares de Goiânia e Aparecida. A partir de 2010, comecei a dedicar-me à minha vocação que é o envolvimento do cinema e a educação, através do Cineclubismo. Organizo seminários sobre o tema desde 2013, realizo Festivais de Cinema escolares em cidades do interior, oficinas sobre Cineclubismo, Cinema e Educação. Entre 2019 a 2024 fui Vice Presidente do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros. Com a Lei Paulo Gustavo desenvolvemos diversos projetos em 2024, entre eles a “Sessão Dupla – Cineclube Vingador Toxico e CinecluB” do chileno Rafael Sepulveda, fui responsável pela curadoria do “Projeto Vagalumes” do Cineclubes Catedral das Artes do artista Plástico Noé Luiz da Mota e responsabilidade de Leo Casimir, realizei oficinas no Projeto do Cineclube Provocação de Caldas Novas de Helena Carvalho Sicsu, coordenei o Encontro Cineclubista do Festival FAVERA do parceiro Raphael Silva e concluímos o ano na produção e como jurado do Festival Intercolegial de Video Ambiental e Cidadania FIVAC do professor Edson Barbosa.
As atividades cineclubistas acontecem regularmente, como encontros em diversas cidades, estimulando e apoiando, com formação e suporte técnico para a criação de cineclubes no extenso território goiano, principalmente nas cidades que não contam com uma sala de cinema, como uma alternativa de diversão e lazer para a comunidade local. Além disso, estimulamos a difusão do cinema que registra a vida e os sonhos de jovens e adultos, através de Oficinas de Realização Audiovisual, Oficinas de Projetos Culturais e estimulamos a inciativa de empreendedorismo e sustentabilidade para o desenvolvimento produtivo do audiovisual goiano, de modo que a população do nosso Estado possa disfrutar de histórias narradas pelos criadores oriundos destas latitudes. Cinema goiano feito por goianos e para goianos. No final do mês de março, a partir do Programa Nacional Aldir Blanc do Governo do Estado, da proponente e parceira Deborah Caroline Tomaselli, realizaremos o 1º Encontro de Cinema, Cineclubismo e Educação em Silvânia, com cineclubistas convidado do Estado de Goiás. Um Encontro que agrega e consolida o movimento cineclubista.
Poderia aproveitar neste espaço para falar sobre política, economia, sociedade e cultura, mas a minha bandeira de luta é o Cineclubismo e a Educação. Falando sobre isso, alcanço todas essas temáticas e assim, posso chegar a muito mais pessoas que se interessem pela realidade e atualidade de nossa população. A pandemia mostrou a fragilidade de nossas instituições, a dificuldade de um isolamento forçado, o despreparo do nosso sistema educacional e a fragilidade e vulnerabilidade de nossos artistas e sua sustentabilidade. Mas a Pandemia e a criatividade fizeram do Cineclubismo goiano uma força de parcerias e diversidades, que se manifestaram neste período de quarentena, com a realização de encontros, oficinas, sessões cineclubistas e principalmente o mais importante, pessoas unidas e com esperança através do cinema e da associatividade que ele implica, sendo uma instancia gregária, que estimula o livre pensar, a diversidade e a tolerância.
Parte deste texto foi publicada em agosto de 2021, acrescentando varias experiências como a presença dos Orionitas do norte do Tocantins onde realizamos um trabalho de registro e cinema de uma missão tão importante no antigo estado de Goiás. Também tivemos a Lei Paulo Gustavo que produziu mais de 700 filmes que não tem janelas de exibição, assim como o Programa Nacional Aldir Blanc que por 5 anos poderemos ter mais uma janela de produção cultural aprovada pelo Poder Legislativo e viabilizada pelo Executivo, seja este federal, estadual e municipal.
Viva a cultura, as artes, a literatura, o cinema e o Cineclubismo que nos fazem cada dia mais vivos, íntegros, críticos e nos fazem sentir humanos.
Por Francisco Lillo, professor, chileno e cineclubista