Lula ironiza Bolsonaro e pedidos por anistia: “quem é frouxo não deveria fazer bobagem”

Lula ironiza Bolsonaro e pedidos por anistia: “quem é frouxo não deveria fazer bobagem”

Durante discurso nesta terça-feira (1), no lançamento do Plano Safra 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou de forma contundente os pedidos de anistia feitos por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente alvo de investigações e processos relacionados à tentativa de golpe e ao uso indevido da máquina pública. Sem citar nomes, Lula criticou duramente os que, segundo ele, não assumem as consequências de seus atos e buscam escapar da Justiça.

“Eu nunca vou pedir para vocês fazerem Pix para mim. Nunca. Guardem seu dinheiro para pagar seus funcionários. Eu não quero Pix”, declarou Lula, em alusão direta às campanhas de arrecadação promovidas por bolsonaristas para custear multas e despesas judiciais. Em seguida, foi enfático: “E jamais vou pedir anistia antes de ser condenado. Quem é frouxo não deveria fazer bobagem. Quem não tem coragem não deveria fazer bobagem. Quem não mede as consequências não deveria fazer bobagem”.

Recado direto aos que atentaram contra a democracia – A fala de Lula ocorreu em meio à crescente pressão por parte de parlamentares e aliados de Bolsonaro para que o Congresso Nacional conceda anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para o presidente, esse tipo de movimentação revela desprezo pela democracia e falta de maturidade política. “Este país está precisando de um pouco de seriedade”, afirmou.

Ao reforçar que não teme prestar contas por suas decisões, Lula sugeriu que seus adversários diretos não têm a mesma disposição. A referência à busca por anistia antes mesmo de uma eventual condenação ecoa os pedidos feitos pelo próprio Bolsonaro e seu entorno, que têm apelado a deputados da base aliada em defesa de medidas que os livrem de punições.

Postura institucional e crítica ao populismo judicial – Ao rejeitar qualquer tipo de mobilização financeira para custear sua defesa, Lula também quis marcar distância de práticas que, segundo ele, enfraquecem a institucionalidade e se aproximam do populismo judicial. Sua fala resgata valores como responsabilidade, consequência e compromisso com a democracia. “Quem não tem coragem não deveria fazer bobagem”, repetiu, sugerindo que é preciso ter hombridade para enfrentar as consequências dos próprios atos.

O recado, ainda que não nominal, foi amplamente interpretado como uma resposta direta a Jair Bolsonaro, cuja defesa tem utilizado apelos públicos e ações políticas para tentar evitar punições em uma série de processos que tramitam na Justiça Eleitoral e na esfera penal.