Revendedoras de cosméticos e capas de sapatos acusam empresa de Goiânia de aplicar golpe

Revendedoras de cosméticos e capas de sapatos acusam empresa de Goiânia de aplicar golpe

Por Márcio Souza, do JGDN

A crise vivida pelo Brasil tirou muita gente do mercado de trabalho formal, investir em um negócio próprio é uma das alternativas para driblar o desemprego. Mas, muitas pessoas estão tendo “dor de cabeça” após aplicar dinheiro para se tornar revendedoras de cosméticos e capas de sapatos. Elas acusam a empresa CSH Cover Shoes, localizada no Setor Campinas, em Goiânia, de calote depois de adquirirem os produtos e não conseguir mais contato com a empresa fornecedora das mercadorias. Por ser várias revendedoras no país, ainda não se sabe o tamanho do prejuízo.

A proprietária da loja CSH, Kamila Pádua, participou do Programa “Encontro com Fátima Bernardes”, na Rede Globo, em 2017. Na época, ela mostrou como funcionava o modelo de capas para sapatos e logo despertou a atenção de várias mulheres que se interessaram em comprar e ser revendedoras dos produtos.

Eliza Maria de Azevedo é do estado de Minas Gerais, e conta que por estar desempregada, pegou dinheiro emprestado para trabalhar como revendedora da CSH. “Eu paguei o valor de R$ 497 pelo kit, estava muito satisfeita pelas 15 vendas que havia feito, mas quando fui entrar na loja virtual para fazer os pedidos, o site não estava abrindo”, disse.

Ainda conforme Eliza, após notar a falha na loja on-line, ela tentou fazer contato com Kamila , mas sem sucesso. “Eu procurei a dona da loja por diversas vezes. Só depois de alguns dias, através de uma mensagem no grupo de WhasApp que ela nos colocou, foi que nos respondeu dizendo que a empresa estava sofrendo ameaças e, por conta disso, suspendeu o atendimento, sem aviso prévio com as revendedoras”.
A empresa CSH Cover Shoes funcionava no Setor Garavelo Park, em Aparecida de Goiânia e recentemente está em novo endereço, no Setor Campinas, na capital.

Na mesma situação de Eliza, estão várias outras mulheres. Raquel da Penha, do Rio de Janeiro, conheceu a CSH pela internet. “A Kamila nos mandou áudios explicando como funcionava as vendas, fizemos encomendas de capas de sapatos, cosméticos e efetuamos o pagamento”, relatou. Entretanto, Raquel também diz que não conseguiu fazer os pedidos pela internet. “Ninguém soube explicar o que estava ocorrendo, e quando respondia, apenas falava que a empresa sofreu ameaças de raqueamento e que a plataforma estaria atualizando algumas medidas de segurança para depois voltar, mas o site continua fora do ar”.

Rosimeire Novais de São Paulo, também entrou como revendedora da CSH e, segundo ela, alguns produtos apresentaram defeitos. “Liguei para o número da empresa para a troca. Consegui contato com o setor jurídico da empresa, e disseram que iriam fazer a troca, mas até agora, nada. Não sabemos o que fazer”, afirmou decepcionada, e completa:”Não quero mais vender os produtos da CSH, devido a todos esses transtornos, quero meu dinheiro de volta”.

Kátia é de Cuiabá, no Mato Grosso, como revendedora, fez o pedido do kit e efetuou o pagamento de R$ 447 em janeiro, mas até hoje não recebeu a mercadoria. “Disseram que o meu kit tinha voltado, que iriam ver o que havia acontecido. Falaram que a empresa não estava em funcionamento e que iriam me reembolsar, caso o erro da entrega dos produtos fosse da CSH”.

Mesmo assim, segundo Kátia, a má comunicação da empresa com as revendedoras ficava cada dia pior. “Sempre demoravam responder minhas mensagens, só depois de falar que iria expor o caso na polícia, que voltaram a fazer contato, mas ainda não resolveram meu problema, continuo sem o kit e dinheiro investido”, afirmou.
Dina Carvalho Cavalcante, de Salvador, na Bahia, também quer o dinheiro de volta. “Estou me sentindo enganada. Já que não consigo fazer os pedidos on-line, e pela falta de comunicação da empresa, não quero mais ser revendedora, quero reembolso, vou devolver o kit”.

Oneida Maria mora em Marabá, interior do Pará. Insatisfeita com o tratamento da empresa, disse que perdeu toda credibilidade como vendedora que sempre teve na cidade dela. “Foram dias e muita gasolina, tempo gasto correndo atrás de clientes na minha região, vilas e cidades ao redores tentando conseguir clientes e quando vou fazer os pedidos das capas de sapatos, dá tudo errado e tenho que fazer o mesmo percurso pra desfazer os pedidos e dar satisfação às clientes, confesso foi e está sendo constrangedor”, lamentou.

O jornal Guia de Notícias também recebeu reclamações de pessoas relatando os mesmos problemas do Rio Grande do Sul e Ribeirão Preto-SP.

O que diz a empresa CSH Cover Shoes

O jornal Guia de Notícia, em contato com o setor jurídico da empresa CSH Cover Shoes, pediu esclarecimentos sobre as denúncias recebidas, que respondeu o seguinte:

“Nos últimos dias a representante da empresa e funcionários receberam ameaças ainda não identificadas que causou muita preocupação aos diretores da empresa e estão analisando como ficará essa situação, logo a empresa se pronunciará sobre o retorno no atendimento”, alegou.

Conforme a empresa, a pessoa tem até 7 dias para pedir o dinheiro de volta, e sobre a troca de peças com defeito, a empresa garantiu que está fazendo a substituição. Em relação a entrega dos kits, o setor jurídico disse que algumas pessoas não olham os rastreios quando são enviados e, às vezes, passam informações incorretas para a empresa, dificultando que as mercadorias cheguem até ao destino correto.

Depois de alguns dias, a proprietária da CSH Cover Shoes, Kamila Pádua mandou uma mensagem em um grupo de WhatsApp de revendedoras, no último dia 24 de março, dizendo:

“Sofri uma ameaça de origem ainda não identificada e também ameaças através dos nossos contatos da empresa. Ameaças sérias que eu não pude arriscar a minha minha vida e de funcionários da empresa, estamos vendo tanta barbaridade no mundo que nos deixa com medo de arriscar de ser trote… resumindo, meu celular travou no sábado, não sabem ainda quem raqueou e como e antes disso recebi ameaças. Neste momento estou arriscando mandando mensagem aqui, mas sei que muitas devem estar preocupadas e vi minha foto como procurada em grupos”, dizia a mensagem.

Muitas clientes desconfiam da suposta ameaça e raqueamento que a empresa tenha sofrido.

O setor jurídico entrou em contato com algumas revendedoras, e disse que não faria a devolução do dinheiro fora do prazo estabelecido pelo código do Consumidor. Falou ainda que, pelos transtornos ocorridos, a empresa estaria disponibilizando um bônus de 10 capas para cada uma, a escolha das capas seriam feitas através da loja virtual, entretanto, o site está fora do ar, e o número de contato com a empresa não funciona.

No facebook, a revendedora Juliene Alves publicou sua indignação. “Decepção total, essa pessoa Kamila de Pádua, nos enganou com essas capas para sapatos, pagamos por um cadastro e 5 capas , com prejuízo total, ela sumiu, o site fechou de deixou muita gente a ver navios”, escreveu.