Artigo: Mãe aos 44 anos

Autora: Mirinha, servidora do Ministério Público de Goiás
Lúcia, minha guia espiritual, me disse que João Paulo esperou eu estar pronta para vir. E ele veio de uma gestação planejada, natural, parto humanizado e sem anestesia.
Lembro como se fosse hoje: abri o exame e dancei de felicidade no meio do laboratório ao saber que estava grávida. Fiquei abraçada com aquele papel por horas, até dividir a alegria com Evane.
Quando ouvi seu coração pela primeira vez, quis subir num caminhão do Corpo de Bombeiros e anunciar ao mundo: “Meu filho está vindo!”
Me produzia toda para encontrar meu filho quando tinha ultrassom marcada.
40 semanas e bolsa rompida.Partimos para a suíte master da Maternidade Modelo — @valeriagomesvalenca, @evanefjr e @andrea.xmachado.
Até os 7 cm de dilatação, suportei. Era como uma cólica forte. Evane, que também foi meu doula e fez uma playlist especial para a ocasião, me guiava com dança, bola, massagem e banho.
Mas, dos 7 cm em diante, era sobre instinto puro. Eu não falava mais. Eu só sentia. Naquele instante selvagem, eu compreendi que aquela era a nossa primeira batalha juntos. Eu, do lado de fora. Ele, do lado de dentro.Ambos lutando com toda a força que tínhamos para nos encontrar.
João Paulo girava, buscando a posição certa.Eu suportava e empurrava, com tudo o que existia em mim.
Evane me apoiava — literalmente. Fiquei de cócoras, num tamborete.Ele me segurava com uma mão, e com a outra, a tesoura para cortar o cordão. Quando a dor parecia insuportável, a vida venceu.
Ele veio.E nasceu com o cordão já rompido.Mostrando, desde o primeiro segundo, quem ele é: resoluto, independente e pronto para o mundo.
Meu filho esperou o meu momento de estar pronta. E eu só estava pronta aos 44. Plena. Inteira. Preparada para as transformações que a maternidade me traria. Desde então, nunca mais fui a mesma. Mas fui mais eu do que nunca.
